MORRE GHIGGIA, CARRASCO BRASILEIRO DA COPA DE 50
16
de julho de 1950. Brasil e Uruguai. Copa do Mundo. O mundo inacreditável da
bola, quando aos 34 minutos do segundo tempo, numa jogada surpresa, Ghiggia
correndo pela direita, com pé direito chutou meio cruzado entre o primeiro pau
e o goleiro Barbosa ... Duzentas mil pessoas no maracanaço se calam... Um
silêncio total, um momento inexplicável, um imenso estádio sem voz, sem canto, com
lágrimas... Ninguém acreditava no que via. O Maracanã se tornava um gigante
mudo, absolutamente amorfo. Parecia que o mundo era apenas uma bola, uma bola
murcha sem Deus para proteger do eco triste que se foi ao tempo...
Exatamente 65 anos depois, morre
Alcides Ghiggia. O algoz dos brasileiros na Copa de 50. O Carrasco do Maracanaço,
que os deuses da celeste seleção uruguaia o consagraram. Morre Ghiggia! O
silêncio do Maracanã naquele dia nebuloso o eternizou como herói. Herói de um
gol que mudou a história que já estava prevista, assistida por milhares de olhares sem
brilhos. Gol que atravessou gerações no tempo, para a memória dos que vivem e
dos que morrem com o futebol na alma. Dizia Ghiggia: “Três pessoas silenciaram
o maracanã: o Papa, Frank Sinatra e eu”. Talvez agora, exatamente 65 anos
depois os brasileiros acreditam... Exatamente 65 anos depois (16/07/2015) morre Ghiggia. O Destino quis assim.
Crônica de Nanal Vilas Boas